Código Personalizado
Fernanda Gamba

Entre perdas e desejos: como encerrar um ciclo sem adoecer

Escrito por Fernanda Gamba

05 NOV 2025 - 23H33

Dezembro chega sempre carregado de balanços: o que deu certo, o que ficou pelo caminho, o que se perdeu. Para médicos veterinários e empreendedores do mundo pet, esse período costuma ser ainda mais intenso — somam-se a sobrecarga de trabalho, os desafios financeiros e as expectativas que nem sempre se cumprem.

A psicanálise nos ajuda a olhar para o fim de ciclo de outra maneira. Freud mostrou, em Luto e Melancolia, que elaborar uma perda é diferente de ficar aprisionado a ela. No luto, o sujeito sofre, mas consegue aos poucos abrir espaço para o novo; na melancolia, a perda se cola à identidade, e o sujeito se sente vazio.

Klein acrescenta que a vida adulta é feita de contínuas elaborações da posição depressiva: suportar perder sem se destruir, integrar o bom e o ruim sem se dividir. Winnicott fala da importância dos espaços transicionais — aqueles momentos e símbolos que permitem atravessar mudanças sem ruptura total.

E Lacan nos lembra que é o desejo que nos faz atravessar: encerrar um ciclo só ganha sentido se houver algo adiante que convoque o sujeito a continuar. No universo pet, as perdas são frequentes: pacientes que partem, projetos que não vingam, relações profissionais que se rompem. Dezembro pode ser o momento de reconhecer essas dores, mas também de não deixar que elas se transformem em paralisia.

O desafio é sustentar o desejo vivo, mesmo em meio às frustrações, e abrir espaço para o que ainda pode nascer. Porque, no fim das contas, encerrar um ciclo não é fechar a vida — é criar condições para que a vida siga pulsando.

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Fernanda Gamba, em Fernanda Gamba

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.