Outubro nos lembra das crianças — e, na psicanálise, a infância nunca fica no passado. Ela continua pulsando dentro de cada adulto, aparecendo nos vínculos, nas escolhas e até na forma como lidamos com o trabalho.
No dia a dia de médicos veterinários e empreendedores do mundo pet, é comum perceber repetições que parecem sem explicação: o perfeccionismo que nunca se satisfaz, a dificuldade em dizer não a clientes, o medo de decepcionar. Muitas vezes, esses impasses não nascem na rotina atual, mas são ecos de histórias muito mais antigas.
Freud já nos mostrava que o infantil não desaparece, ele retorna em forma de sintomas, medos e desejos. Klein amplia essa visão ao falar das posições psíquicas: o adulto que, diante de pressões, reage como uma criança em estado de medo ou agressividade, ou, em momentos mais maduros, consegue integrar perdas e continuar. Winnicott nos ensina que um ambiente suficientemente bom na infância dá sustentação para que o sujeito crie, erre e recomece; quando isso falta, a vida adulta pode virar um campo de tentativas de reparação constante. E Lacan aponta que cada sujeito é atravessado pelo desejo dos pais — e que muitas vezes passamos a vida tentando corresponder a esse olhar.
Olhar para a criança que ainda habita em nós é fundamental. Porque o profissional que sofre em silêncio pode, na verdade, estar revivendo antigas angústias de desamparo. Reconhecer isso abre caminho para novas formas de se posicionar: mais livres, mais adultas e mais conectadas ao desejo de viver.
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