A relação entre humanos e cães remonta a milhares de anos, marcada por uma conexão que vai além da companhia. Estima-se que a domesticação tenha começado há cerca de 20 a 30 mil anos, quando lobos passaram a conviver com humanos, iniciando uma coevolução que moldou não apenas o comportamento, mas também a biologia desses animais.
Segundo a Dra. Fabiana Michelsen de Andrade, geneticista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e fundadora do laboratório Petgenoma, “a domesticação é um exemplo fascinante de seleção natural e artificial.
Certas características, como músculos faciais exclusivos, facilitam a comunicação e vínculo emocional com os humanos, enquanto outras, como a ‘boca mole’ dos retrievers, surgiram da necessidade prática de recuperar presas sem danificá-las.”
Ao longo dos séculos, a seleção fenotípica moldou raças para funções específicas. Terriers, por exemplo, foram selecionados para caçar roedores durante períodos críticos, como a Peste Negra, e hoje enfrentam desafios de adaptação a ambientes urbanos, apresentando comportamentos como latidos excessivos.
Dra. Fabiana reforça que “compreender a genética por trás do comportamento é essencial para que o melhoramento canino vá além da estética, contribuindo para a harmonia entre cães e tutores.”
Fenótipos em Foco: Morfologia, Comportamento e Saúde
De acordo com a pesquisadora, o melhoramento genético canino concentra-se em três pilares essenciais: morfologia, comportamento e saúde.
Morfologia
A morfologia canina vai muito além da aparência. Exposições e concursos enfatizam a conformação funcional das raças, que impacta diretamente na mobilidade, resistência e longevidade dos cães.
Um rottweiler, por exemplo, precisa de ângulos articulares precisos para desempenhar seu papel histórico de cão de guarda sem comprometer articulações ou coluna.
Dra. Fabiana alerta: “Muitos aspectos morfológicos ainda são pouco estudados cientificamente. Medidas simples como altura ou peso não capturam a complexidade funcional que garante saúde e desempenho.”
Ela enfatiza que estudar proporções corporais, força muscular e resistência óssea pode prevenir problemas crônicos e garantir qualidade de vida.
Comportamento
O comportamento é um reflexo direto da genética e do ambiente. Estudos globais e nacionais já identificaram herdabilidades significativas em cães-guia e de caça, mostrando que características como paciência, sociabilidade e reatividade podem ser selecionadas.
Dra. Fabiana explica: “Observamos que certas características comportamentais são realmente herdáveis — huskies apresentam baixa agressividade a estranhos, enquanto pinschers têm alta. Isso mostra que a genética influencia profundamente o comportamento observado em diferentes raças.”
Entender esses padrões auxilia criadores e tutores a direcionar treinamentos, melhorar socialização e reduzir comportamentos indesejados.
Saúde
A saúde é o campo mais estudado e crítico para o bem-estar canino. Condições como displasia coxofemoral, cardiopatias, problemas oculares e predisposição a cânceres têm sido alvo de pesquisas globais e nacionais.
No Brasil, o grupo Megagen da UFRGS reportou herdabilidades de 19% em pastores alemães, com valores ainda maiores em raças como berneses e goldens.
Dra. Fabiana comenta: “Mesmo com amostras menores que as de animais de produção, conseguimos aplicar princípios de melhoramento genético com precisão crescente. Isso gera impactos reais na prevenção de doenças e na longevidade dos cães.”
A saúde, portanto, não é apenas ausência de doença, mas garantia de qualidade de vida durante todo o ciclo de vida do animal.
Fonte: Cães e Gatos
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