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Por Dentro da Inflamação: Como a Proteína C-Reativa Está Mudando o Paradigma na Clínica Veterinária

Escrito por Luan Stefani

02 MAI 2024 - 14H50 (Atualizada em 02 MAI 2024 - 14H53)

Então, o que sabemos sobre medir a concentração sérica dessa proteína? Qual é sua utilidade na rotina clínica?

É amplamente reconhecido entre os veterinários que a resposta de fase aguda é uma reação inespecífica primária induzida por alterações da homeostase, podendo ser desencadeada por trauma mecânico, infecção, neoplasia, isquemia e outras patologias. Durante essa fase, ocorre a liberação de proteínas de fase aguda (APPs), principalmente pelo fígado, sendo a proteína C reativa (PCR) a mais importante e sensível APP em cães. Em pacientes saudáveis, os níveis de PCR são muito baixos, mas uma condição inflamatória sistêmica levará a um aumento na PCR dentro de quatro a seis horas, atingindo sua concentração máxima após vinte e quatro a quarenta e oito horas após o estímulo de citocinas pró-inflamatórias. Por outro lado, esse aumento diminui drasticamente com a resolução da inflamação, proporcionando uma mensuração da inflamação quase em tempo real, de forma mais responsiva e sensível do que a contagem leucocitária.

Em resumo, a PCR pode indicar uma inflamação antes mesmo de qualquer alteração na contagem de células brancas. Além disso, ao contrário das células brancas, não se observa uma alteração na concentração de PCR devido ao estresse, o que é uma vantagem na veterinária, visto que as coletas raramente são muito tranquilas para os animais.

Mas como a proteína C reativa está sendo utilizada na rotina clínica?

Devido à sua alta sensibilidade, a proteína C reativa (PCR) se mostra eficaz para diagnosticar pacientes que chegam à clínica na fase subclínica de uma doença. Em casos nos quais, após o exame clínico, o cão parece estar bem, mas ainda existe uma certa desconfiança sobre o caso, realizar uma mensuração da PCR e constatar normalidade ou um aumento leve pode proporcionar uma maior tranquilidade ao decidir dar alta para esse paciente. Caso seja observado um aumento significativo, deixar o animal em observação para uma avaliação mais detalhada pode melhorar consideravelmente o prognóstico de alguma doença que ele possa vir a desenvolver.

Mostra-se útil para monitorar a resposta ao tratamento, como por exemplo, em uma antibioticoterapia, na qual um cão é diagnosticado com pneumonia bacteriana e a terapia é realizada com uma classe específica de antibióticos. Se os planos estiverem dando certo, a concentração de PCR diminuirá, mostrando eficácia no tratamento. O oposto é observado quando não há melhora, o que requer uma reavaliação do plano terapêutico. Será necessário alterar a classe deste antibiótico? Algum detalhe foi omitido durante a anamnese? Será necessário consultar a literatura? Que outras abordagens podem melhorar este prognóstico? Além disso, a PCR é considerada uma ótima aliada para determinar a duração do tratamento, indicando quando interromper o uso de antibióticos ou continuar com o tratamento de suporte quando necessário, diminuindo assim o risco de desenvolvimento de bactérias resistentes.

A mensuração da proteína C reativa (PCR) está sendo cada vez mais utilizada no pós-operatório e em casos de injúria tecidual causada por traumas. Qualquer lesão tecidual, independentemente de sua origem, resultará em um aumento na concentração sérica de PCR. Se houver uma boa evolução no quadro de recuperação, é esperado que essas métricas diminuam gradualmente entre o terceiro e o quinto dia. Por outro lado, se essas concentrações permanecerem elevadas, pode-se considerar uma complicação no pós-operatório, exigindo uma investigação minuciosa e, até mesmo, uma intervenção imediata antes que o prognóstico se deteriore.

Na ortopedia, em casos onde o paciente se queixa de claudicação, a avaliação da PCR pode ser útil no diagnóstico diferencial entre poliartrite imunomediada, séptica e outras condições patológicas que não afetam a concentração sérica.

No entanto, é importante notar que a baixa especificidade e alta sensibilidade da PCR podem resultar em aumento sérico em quase qualquer quadro inflamatório. Isso destaca a importância de associar várias análises com a avaliação da PCR para que seja uma ferramenta eficaz, e não apenas uma análise isolada. Às vezes, a falta de um exame clínico adequado pode levar a interpretações errôneas de uma causa inflamatória simples, ou até mesmo confundi-la com a causa principal, resultando em um falso positivo. Além disso, é importante considerar o aumento da PCR em fêmeas gestantes e após atividades físicas intensas. Também é crucial destacar que a PCR não é eficaz para doenças que não provocam inflamação, como doenças hormonais e cardíacas, entre outras condições que não têm um componente inflamatório.

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