O óbvio precisa ser dito - O que os jovens esperam das Empresas?

Quase dois meses após a gravação do Vet Conecta no Reúna Campinas ANMV, uma pergunta ficou de fora do nosso debate.

No podcast, mergulhamos em temas como a saúde mental durante a faculdade e a arte de cultivar o hábito da leitura. Mesmo assim, uma pergunta permaneceu sem resposta até hoje:

“Quais são as principais motivações dessa nova geração?”
Para mim, a resposta era simples, “o óbvio”, mas até esta semana eu não tinha conseguido explicar a complexidade desse “óbvio”.

Diante da recente tragédia no Rio Grande do Sul, estando na organização e promoção de diferentes eventos e em contato com várias pessoas, uma série de atitudes me fez pensar: “É isso, esse é o óbvio, eu espero que as empresas nas quais eu trabalhe sejam assim; é isso que espero dos profissionais que admiro; é assim que quero ser.”

É verdade que nós, jovens, trocaríamos de local de trabalho, abrindo mão de salários mais altos, por empresas que tenham propósitos e valores alinhados com os nossos. Nesse momento, confirmei que os lugares onde estou e as pessoas com quem trabalho têm propósitos que valorizo.

Observando líderes, parceiros e patrocinadores que admiro, percebi uma mobilização genuína para ajudar, utilizando suas influências e inteligências para arrecadar doações. Isso me motiva a me esforçar mais, a fazer “overdelivery” dentro das funções “normais” e também a engajar e promover as demandas sociais prontamente, sem pensar em recompensas financeiras ou promoções. Isso me faz querer crescer ainda mais nas empresas em que estou, para que na próxima necessidade, tenhamos mais recursos para ajudar.

Nas universidades e entre os estudantes com quem interajo, vi o poder do networking — uma habilidade incurriculável — para arrecadar doações e coordenar esforços de logística, distribuição e atendimento, utilizando patrocinadores e o alcance dos eventos como pontos de coleta.

Afinal, discutir técnicas de vendas sobre atendimento humanizado e comunicação empática não é suficiente se não houver um esforço real para ajudar as pessoas de maneira empática.

Espero que o óbvio — ajudar o próximo, incluindo veterinários, clientes, tutores e animais — aconteça com intencionalidade e esforço em situações de calamidade, indo além do esperado e do inesperado.

Além de ter um plano de carreira e crescimento profissional técnico, espero estar em empresas onde eu possa crescer como pessoa, onde possa olhar para meu chefe e meus colegas e perceber que eles me ensinam a ser um ser humano melhor, que me transmitem habilidades valiosas através do exemplo de vida e da atitude de tomar a iniciativa e liderar esforços.

Espero de uma empresa que ela se preocupe com o bem-estar dos colaboradores, desde o mais “júnior” até o “sênior”, e não se autopromova em uma catástrofe.

Espero que disponibilizem recursos financeiros, materiais e que se empenhem em usar networking, sedes físicas, conhecimento intelectual, influência e talento para angariar doações e voluntários.

Espero que possamos trabalhar com pessoas tecnicamente excelentes, mas que, ao lidarem com uma alma humana ou quando estivermos próximos de uma calamidade humana, possamos ser apenas duas almas humanas se encontrando.