Na faculdade, a gente aprende a identificar sopro, a diferenciar choque hipovolêmico de cardiogênico, a fazer sutura simples interrompida de olho fechado… mas ninguém ensina para você como falar sobre o que realmente te espera do lado de fora da faculdade.
Existem conversas fundamentais que simplesmente não acontecem. E é justamente nelas que muita gente se perde, se frustra e acha que “não nasceu pra isso”. Só que nasceu, só faltou orientação.
A primeira delas é sobre o relacionamento com o tutor. Parece simples: explicar diagnóstico, sugerir tratamento e pronto. Mas não é. Ninguém ensina que 80% da consulta é comunicação, e não técnica. Que você pode ter a conduta perfeita e ainda assim perder o cliente porque não soube acolher, ouvir, traduzir o veterinariês ou manejar uma expectativa absurda alimentada pelo Google. Que tutor não compra serviço: compra confiança.
E que confiança não se entrega em bula, se constrói no olhar, na postura, na empatia e na habilidade de dizer “não” quando é preciso, sem destruir o vínculo. A segunda conversa que nunca aparece nas aulas é sobre gestão de carreira. A faculdade te forma para ser médico-veterinário, mas não te ensina a ser profissional.
Ninguém explica que, mais do que saber operar, você vai precisar aprender a negociar salário, ler contrato, decidir se quer CLT, PJ ou empreender. Não te falam que o mercado é desigual, que você precisa de um plano — porque, se você não tiver, alguém vai ter por você.
E, principalmente, ninguém te prepara para o fato de que você não precisa seguir o caminho que todo mundo escolheu. A veterinária é gigante, diversa, cheia de nichos: clínica, grandes, gestão, marketing, comportamento, equinos, indústria, inspeção, perícia, docência, empreendedorismo…
Carreira é estratégia, não sorte. E isso a faculdade simplesmente pula. E aí vem a parte mais silenciosa de todas: como não enlouquecer no processo. A verdade é dura: a profissão está sendo desvalorizada. Os salários são baixos, as jornadas são altas, a cobrança é absurda e a comparação é constante. Ninguém prepara para o peso emocional de lidar com vida e morte todos os dias. Para o estresse de ter que provar seu valor a cada consulta. Para o burnout que ronda silencioso quem ama demais e se culpa por tudo.
Nem para o vazio de sentir que você faz tudo por amor, mas o mercado insiste em pagar como se fosse um hobby. A verdade é que essa conversa precisa acontecer. E, se não acontece dentro da faculdade, que aconteça aqui, entre nós, de forma honesta e humana. Porque a veterinária não é só técnica é gente cuidando de gente que cuida de animal. E, para isso, você precisa de muito mais do que conteúdo de prova. Precisa de maturidade emocional, comunicação afiada, estratégia de carreira e um olhar gentil para si mesma.
Se essa fosse uma disciplina obrigatória, muita gente estaria mais preparada e mais valorizada. E talvez seja essa a missão da nova geração: abrir conversas que ninguém nunca teve coragem de começar.
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