Por que os jovens não se planejam?

Quando entrei na faculdade, acreditava que poderia finalmente moldar meu próprio futuro. Escolher matérias, estágios e ajustar minha rotina conforme meus hábitos desejados. No entanto, o cenário mudou com a pandemia, e comecei a buscar conselhos de profissionais bem-sucedidos. Ouvia atentamente atletas, investidores e empresários, mas também me questionava: como evitar ser “mais um” na profissão escolhida? Como não ser um veterinário frustrado e mal remunerado?

A busca por estabilidade financeira e um plano de longo prazo me atormentava. Mas como planejar quando o futuro era incerto? A pandemia tornava tudo ainda mais desafiador e aqueles conselhos não estavam traduzidos para a realidade do estudante. Decidi então seguir o conselho do filme “Sim, Senhor”: dizer “sim” a experiências diversas. Isso me levou a situações desconfortáveis, mas também a descobertas, principalmente das coisas que eu não gostava.

A simbologia da primeira carta de tarô, “The Fool” (O Bobo), trouxe uma nova perspectiva. O jovem à beira do abismo representa o início da jornada. Ele está vestido inadequadamente para uma trilha, tem pouca bagagem e não ouve os alertas do cachorro. Mas é ao cair no abismo que deixa de ser tolo. Assim, comecei a experimentar áreas na veterinária e me forcei a não ter certezas. A gestão veterinária se destacou por demandar habilidades que eu tenho facilidade e prazer em desenvolver, e me fez entender que era preciso entender o que era a Medicina Veterinária antes de planejar uma carreira como Médica Veterinária.

Os jovens enfrentam dificuldades para planejar porque os conselhos dos gurus não se aplicam à sua fase de vida. A solução? Lançar-se no caminho, experimentar e aprender, afinal o caminho é dinâmico, ele se muda a cada vez trilhado e é diferente para cada pessoa. Ser interessante, estar interessado, disposto e disponível são as chaves para ter oportunidades de experenciar realidades e entender mentes incurriculáveis, descobrindo quais são os desejos pessoais e só então criando metas para alcançá-las.

Para estar no caminho, é preciso quebrar a inércia e enfrentar o ordinário da rotina, ser excelente no comum, no que não é visto todos os dias. Trabalhar, ser forte e não encher o saco permitem silenciar os ruídos de um mundo cheio de possibilidades e começar a ouvir os desejos para criar planos de longo, médio e curto prazo.