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Letícia Fernanda

Como aumentar a participação dos responsáveis no bem-estar felino

Escrito por Letícia Fernanda

01 SET 2025 - 15H26 (Atualizada em 01 SET 2025 - 15H35)

A medicina preventiva não deve mais ser negligenciada. Se nós, veterinários, não liderarmos a educação e orientação dos tutores, continuaremos perdendo tempo na saúde dos felinos.

É comum na rotina clínica, vermos que os responsáveis ainda não levam seus gatos para exames preventivos. Muitos só buscam ajuda quando o quadro clínico do animal já está bem avançado.

Como veterinária, afirmo que essa falta de prevenção prejudica a saúde dos gatos e a relação de confiança entre o tutor e o veterinário.

Afinal, cuidar de gatos exige atenção: eles escondem bem a dor, e quando notamos algo, o problema já pode estar grave.

Segundo a AAFP (American Association of Feline Practitioners), gatos acima de 1 ano devem realizar consultas preventivas pelo menos uma vez ao ano, aumentando para duas vezes ao ano a partir da fase sênior. Estudos mostram que o maior problema é que os tutores pensam que "o gato não precisa de tanto cuidado porque parece ser independente e estar saudável".

Essa diferença entre a ciência e a opinião do tutor exige que o veterinário seja um educador e use boas estratégias de comunicação, pois não há como garantir longevidade sem mudança de mentalidade.

Na prática, vejo três pontos que dificultam a mudança desse comportamento do tutor:

  • O medo da caixa de transporte, é a principal resistência do tutor por não conseguir colocar o gato dentro da caixa, aumenta o estresse do animal – e consequentemente do tutor.
  • A ideia errada de que gatos são "independentes", fazendo o tutor não dar tanta importância ao check-up.
  • Usar termos muito técnicos, que podem afastar o tutor de nós em vez de ajudá-lo.

Nosso papel vai além de receitar: precisamos construir confiança, clareza e acolhimento. Algumas ações eficazes incluem:

  • Educação constante do tutor: explicar de forma simples que o gato pode esconder problemas nos rins, coração ou hormonal até piorar;
  • Planos personalizados: definir a frequência do check-up conforme a idade, histórico e estilo de vida do gato (se vive dentro ou fora de casa, outras doenças);
  • Ambiente cat friendly: ajustes simples na clínica que fazem grande diferença na experiência do gato – e dos seus responsáveis – minimizando o estresse desde a sala de espera até o exame físico, isso transforma a percepção do tutor com o tratamento ao gato e faz com que ele retorne;
  • Recursos de apoio: lembretes automáticos, acompanhamento e materiais educativos online podem ajudar.
  • Na arte de comunicar, mostrar que investir em prevenção é o mesmo que zelar pela saúde: atuar antes que a doença apareça é uma forma mais efetiva – e econômica – de garantir o bem-estar do gato.

No meu dia a dia, sempre reforço com os outros veterinários: o sucesso do tratamento não depende só do tutor, mas, de como conduzimos a consulta. Uma experiência positiva, que transmita segurança e informação, aumenta muito a probabilidade do retorno.

A importância do check-up nos gatos vai além de uma simples medida preventiva, sendo fundamental para uma medicina veterinária de alto nível. Nós, veterinários, devemos ter como missão educar, guiar e motivar os tutores.

E a mensagem felina do dia é: O comprometimento começa quando o tutor entende que prevenir é cuidar e cuidar é um ato de amor e carinho.

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